segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Lisboa Oriental, o contributo possível

Ainda não foi desta que consegui juntar-me ao grupo. Desta vez tive que desenhar sozinho. A vantagem é acabo por conseguir desenhar mais. A desvantagem é que nunca sigo o roteiro predefinido. Saio com um destino e acabo por perder-me nos recantos mais imprevistos, menos conhecidos. Desde uma antiga azinhaga que recorda uma Lisboa rural, acabando num antigo pátio industrial - O Pátio da Quintinha, onde passei boa parte do tempo a conversar com duas simpáticas moradoras que ali nasceram. Os seus pais vieram do norte para trabalhar nas fábricas e por ali ficaram até à morte. Elas também querem morrer aqui, mas receiam ser expulsas. Sabem que as rendas são baixas, mas as casas não têm condições mínimas de habitabilidade. Mas mantém o seu encanto, mas que não seja o lado pitoresco das casas, dos canteiros, dos anexos que se sobrepõe uns aos outros, dos cabos eléctricos e as antenas que quase tapam as casas, das ampliações que vão estreitando cada vez mais o espaço. O interior do pátio faz-nos esquecer que estamos em Lisboa. Não desenhei nada (ou quase nada) do que tinha previsto, mas trago comigo as histórias que estas duas senhoras me contaram. Como era bonito o pátio, as casas pintadas, os tanques da roupa, os canteiros cheios de flores, a horta e as crianças a brincar.



                           


                          

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Nota Biográfica

André Duarte Baptista, arquiteto, nasce em 1980 na cidade de Torres Vedras, onde reside e trabalha. Em 2013, obtém o grau mestre em arqui...