terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

saúde pública nas favelas


Saúde pública nas favelas
Em 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o número oficial de moradores em favelas no Brasil, era de 5,12 milhões. Esta contabilização resulta do estudo “Aglomerados Subnormais 2019: Classificação preliminar e informações de saúde para o enfrentamento à COVID-19”, de 19 de Maio de 2020. Em 2010, o número de hab. rondava os 3,2 milhões, verificando-se um crescimento de 59%. O numero de aglomerados passa de 6.329 para 13.151. Este flagelo social tem maior expressão em S. Paulo, seguindo-se o Rio de Janeiro.
Nas favelas, a recolha de lixo é insuficiente, a densidade populacional é elevada e o saneamento é precário/inexistente, onde o rio se assume como o “esgotão”. Estas são as condições ideias para o surgimento de ratos e mosquitos. A ausência de saneamento eficaz provoca diarreias, os ratos propagam a leptospirose, os mosquitos a dengue. As condições de trabalho e de habitação destas comunidades agravam o risco de doenças. Teme-se que a COVID 19 venha aumentar este fosso social e económico, segregando os pobres que não têm condições para ficar em confinamento e que, mesmo que pudessem ficar em casa, estas não teriam as condições adequadas para evitar o risco de contaminação. Para termos uma ideia das condições de vida numa favela, veja-se o exemplo da favela do Mandela, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, no Complexo de Manguinhos. As casas, são precárias, feitas na sua maioria de materiais retirados dos vazadouros. A falta de espaço obrigou muitos moradores a construírem as casas em sistema de palafitas, junto ao rio Jacaré. Longe vão os tempos das águas cristalinas e do verdejante manguezal, pois agora o que encontramos é uma água castanha, pastosa, o “esgotão” da favela. As margens do rio, em vez de pedras ou vegetação, estão repletas de lixo doméstico. As casas lá continuam, cada vez mais habitadas e mais decadentes. Na ausência de espaços de lazer, o rio é a “praia” das crianças, que ali passam várias horas a banharem-se nas águas que correm lentamente rumo à baía Guanabara. Esperamos por estudos rigorosos sobre o impacto da COVID 19 nas favelas.


 

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Nota Biográfica

André Duarte Baptista, arquiteto, nasce em 1980 na cidade de Torres Vedras, onde reside e trabalha. Em 2013, obtém o grau mestre em arqui...