quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Património - Parte I

Tempos Modernos. Fonte: http://www.cinevest.com.br


I. PATRIMÓNIO
O património edificado tem-se afirmado como um tema complexo e controverso, no debate da arquitectura do séc. XXI, mas o facto de ser cada vez mais debatido, tem permitido dissipar algumas ideias preconcebidas. As teorias sobre o património, exigem um estudo meticuloso e sério, para não cairmos em afirmações banais e genéricas, principalmente quando se pretende transformar a teoria em prática.
A Europa teve um papel determinante na ‘propagação’ de uma cultura universal, mas é nos Estados Unidos da América onde se dão as grandes descobertas e as grandes inovações, através das cidades dos ‘arranha-céus’, que mudaram radicalmente o ‘modus vivendi’ do ser humano. Desde a antiguidade clássica que o homem desafia a sua capacidade intelectual, mas são os humanistas do Renascimento que começam a testar as primeiras máquinas, culminando na Revolução Industrial, onde o homem, aliado à máquina, consegue quebrar barreiras, alcançando feitos inimagináveis, mas ao mesmo tempo, deixando de se preocupar com as consequências das suas descobertas. O domínio sobre a natureza e a máquina, deixa a humanidade alienada da realidade e aos poucos torna-se vítima das suas próprias conquistas. A pelicula cómica Tempos Modernos de 1936, com Charlie Chaplin, descreve bem esta relação de dependência, amor e ódio, entre o homem e a máquina.
         Todas as crises socioeconómicas levam o ser humano a uma reflexão, resultando muitas vezes, no cultivo de ideologias antagónicas: Revivalismo ou Futurismo. O Revivalismo enquadra-se nas teorias de defesa dos paradigmas do passado, no regresso a um passado, hipoteticamente perfeito. Os futuristas são todos os que pretendem fazer tábua rasa do passado, da história, da própria Identidade, procurando um novo modelo, uma verdadeira ruptura com o passado. Independentemente das ideologias é impossível libertarmo-nos do passado, afinal, a sociedade assenta sobre um quadro genético, onde a memória tem uma importância fundamental e como tal, todo o ser humano, desde que nasce vai assimilando tudo o que o rodeia e isso vai-se repercutir nas suas ações, logo no espaço que o envolve diariamente. Como tal, julga-se fundamental o equilíbrio entre passado e futuro: valorizar o passado, projectando o futuro. Porém, a valorização do passado apenas fará sentido, se servir para reflectir sobre o presente e prever/melhorar o futuro, tendo o património um enorme potencial, enquanto elemento activo no combate à desertificação dos Centros Históricos e na valorização da História e Identidade da sociedade.



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Nota Biográfica

André Duarte Baptista, arquiteto, nasce em 1980 na cidade de Torres Vedras, onde reside e trabalha. Em 2013, obtém o grau mestre em arqui...