Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Congresso internacional
O Centro Histórico no Novo Paradigma Urbano
Orador: André Duarte Baptista
Março 2014
matriz urbana e identidade do lugar
Centro Histórico de Torres Vedras
Introdução
Quero começar por
cumprimentar os responsáveis pelo Congresso “Os Centros Históricos no Novo Paradigma
Urbano” e expressar o meu profundo agradecimento pelo convite, para nele
participar.
O tema geral que nos é
proposto é o papel dos centros históricos nas cidades do séc. XXI. O estudo aqui
apresentado, é o centro histórico de Torres Vedras, que se encontra num
profundo processo de reconfiguração urbana promovida pelo programa de
reabilitação urbana “Torres ao Centro”,
assente sob as directrizes do Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana do Centro
Histórico, em vigor desde 2010.
A reabilitação de um centro
histórico depende muito do plano a ele subjacente, que estabelece as premissas
a seguir, assim como os objectivos pretendidos. Os planos estratégicos deveriam
resultar da articulação entre a legislação em vigor e a análise do Lugar. A
legislação indica que essa análise deve centrar-se na Identidade do Lugar:
arquitectura, urbanismo, população, habitat, património, economia, história,
cultura….. Tendo em conta que os centros históricos foram, na sua maioria,
elementos dinâmicos capazes de se adaptarem às circunstâncias de cada
época/sociedade, torna-se fundamental conhecer a evolução da sua matriz urbana
ao longo dos séculos, assim como a sua relação com as dinâmicas de crescimento
da restante urbe e se essa reconfiguração comprometeu ou não a Identidade do
Lugar.
A
presente comunicação alicerça-se na dissertação de mestrado O Lugar como Simbiose: Centro Histórico de
Torres Vedras, por mim defendida, na Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias. Essa investigação pretendeu colmatar a ausência de um documento,
de conhecimento público, complementar que permita conhecer a sua morfologia
urbana. Tendo em conta que a matriz urbana é uma das premissas fundamentais da
Identidade, julga-se primordial o exercício de reconstituição do seu
desenvolvimento urbano. Tal exercício ajuda a sensibilizar os mais
conservadores, para o facto de estas zonas antigas nunca terem sido estáticas,
mas sim dinâmicas, capazes de se adaptarem aos novos desafios e que foi essa
capacidade que permitiu-lhes chegar ao séc. XXI, através de processos de
reconfiguração, uso e manutenção. Conhecer a sua evolução urbana e os pólos de
atracção do crescimento periurbano, permite-nos entender quais os elementos
essenciais que caracterizam a morfologia urbana, cujo desaparecimento,
colocaria em causa a Identidade do conjunto. Por outro lado possibilita-nos
reflectir sobre a continuidade de outros, cujo desaparecimento poderia
beneficiar a harmonia e sustentabilidade do todo. A construção e a demolição, o
avanço e o recuo, estiveram sempre presentes na evolução das urbes. Um centro
histórico é como um corpo composto por várias células, onde não podemos
dissociar as partes do todo. Mas também não é menos verdade, que qualquer
célula necessita de se regenerar.
As dinâmicas de desenvolvimento da matriz
urbana dos centros históricos e a sua relação com a restante cidade, podem e
devem contribuir para alcançar soluções inovadoras que promovam a revitalização
destas zonas adormecidas através do combate à sua sacralização e consequente “museificação”.
Independentemente das ideologias, torna-se
quase impossível libertarmo-nos do passado, afinal a sociedade assenta sobre um
quadro genético, onde a memória tem uma importância fundamental e como tal,
todo o ser humano, desde a sua nascença, vai assimilando tudo o que o rodeia e
isso vai repercutir-se nas suas acções, logo no espaço físico que o envolve
diariamente. Como tal, urge um equilíbrio, nesta relação tão delicada entre
passado e o futuro, Valorizar o passado, sim, mas projectando e promovendo o
futuro dos edifícios e dos lugares, logo da sociedade.
Documento completo em: https://www.academia.edu/7816208/matriz_urbana_e_identidade_do_lugar
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